Sabe, inúmeras vezes durante minhas ocasionais caminhadas noturnas, me peguei pensando nos túmulos sob meus pés. Nas coisas que fiz com eles. Pensar é a única coisa que posso fazer, já que seja homem, mulher ou criança, ninguém é muito chegado a conversa post-mortem. Acho que por isso dizem que os mortos não contam histórias.
De fato talvez não contem, mas de tempos em tempos, quando eu encosto meu ouvido na deliciosamente áspera superfície de um crânio, eu ouço sussurros. Ouço choros, gritos, músicas e risadas. Os ossos sem nome me sussurram as coisas mais singelas e mais assustadoras, coisas que eles viram, ouviram ou sentiram no tutano mais íntimo de suas estruturas.
Então a iluminação divina me atingiu, e assim tive a ideia de fazer este lugar em um prisma pelo qual esses sussurros podem ser transcritos claramente, um canto especial para estes sons dos crânios sem nome, estes contos anônimos de variada veracidade (os vivos mentem, por quê não os mortos?). Sendo assim, desejo boas vindas e boa leitura. Já deixo aqui o aviso que não tendem a ser histórias particularmente felizes ou para os fracos de coração, isto sem falar do efeito que alguns destes sussurros causam nos que os escutam, então sinta-se na liberdade de não ler uma palavra sequer daqui em diante. O livre arbítrio é um lindo conceito, afinal de contas, use-o por sua própria conta e risco.
É claro, mais cedo ou mais tarde, eu escutarei os sussurros do seu crânio. É meramente é uma questão de tempo até nosso encontro, e tempo é algo que eu tenho em abundância. O mesmo não pode ser dito sobre você. Quem sabe, talvez seus sussurros darão uma boa história.
Assinado,
Ars Moriendi.
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