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Mostrando postagens de julho, 2018

Babalu

Lucas tinha seis anos quando ele e seus pais, Marcílio e Ivone, se mudaram temporariamente para casa pastoral da Igreja Cristã da Purificação. Algumas igrejas cristãs possuem casas pastorais, não importa se são protestantes ou romanas essas casas servem primariamente de residência para pastores ou padres que trabalham integralmente na igreja. Em votação, o rebanho e reverendo Walter — bispo encarregado da Igreja Cristã da Purificação — decidiram em unanimidade pelo acolhimento da família. Em troca disso ele cuidaria de serviços básicos de manutenção das dependências da igreja. Apesar de ser propriedade da igreja, havia um muro que separava a casa da templo, que seguia por toda a lateral direita da casa. Quando a igreja comprou a casa à sua esquerda, decidiu manter o muro que dividia as duas construções, reduziu sua altura pela metade e abriu uma passagem com um pequeno portão de ferro, conectando os fundos da casa aos da igreja. Um dos quartos da casa era reservado para uso ...

O Sabre, por zozimo bulbul

T omou o segundo tapa na cara quando voltou a chorar sem parar, soltando aqueles soluços que lembravam mais o coaxar de sapos-boi. Retomou o testemunho desde o inicio, mais ou menos de onde havia parado de contar o que tinha visto. Não conseguia olhar para a cara do delegado. Um misto de medo e vergonha tomava conta de si. Caralho, quem vai acreditar nessa história, porra? Esse policial vai partir minha cara em duas. O delegado voltou a acender seu charuto, seu relógio prateado indicava um horário que não condizia muito com a luz que vinha da janelinha acima do armário. Eram oito da noite e ainda estava claro lá fora. Merda! Estou ficando louco. Pacientemente o delegado cruzou as pernas deu o gole em seu café, que parecia não estar tão quente e foi mais direto do que antes.  Por que só você saiu com vida do lugar? Trinta pessoas. Trinta pessoas morreram ali. E só  você saiu com vida? No que você quer que eu acredite? Que chegou alguém com uma espada e matou todo m...

INSÔNIA por Eleonora L.

São vinte e duas horas. Estou sentada na escrivaninha do meu quarto de frente ao computador. Olho para o teto branco, para os livros e o armário de madeira, bato meus pés no chão e mordo a tampa da caneta. Faz calor e decido ligar o ventilador.  Impaciente, me levanto da cadeira e saio do quarto para pegar um copo de água. Coloco o copo em cima da escrivaninha, olho para minha cama e olho para o computador, penso comigo mesma que é melhor ir dormir. Meu cachorro arranha as unhas na porta do meu quarto, o barulho me dá agonia e eu mando ele parar.  Ele chora para entrar, eu abro a porta. Me viro para o computador e tendo terminar o meu trabalho, meu cachorro tenta lamber o meu rosto. Mando ele sair, ele se deita próximo ao armário, sorrio para ele e volto a olhar o computador. Apago tudo o que tinha escrito. Coloco os fones de ouvido e a música no último volume para ficar mais calma. São vinte e três horas e vinte minutos. Consigo adiantar algo, olho para o meu cachorro e...