A noite, a chuva, o trânsito intenso de automóveis, o barulho de buzinas, vendedores ambulantes correndo entre os carros com doces ou pizzas, letreiros luminosos e outdoors, peças publicitárias freneticamente lançadas sobre a morosidade do deslocamento, tudo isso poderia irritar uma pessoa que sai do trabalho para casa. Mais ainda alguém que precisa chegar rápido para tentar encontrar uma cena de crime intacta, não modificada pela vizinhança, por curiosos ou mesmo pela própria polícia. Mais uma sexta-feira estressante, mais uma sexta-feira normal para o policial civil Roberto Donato. Na Agamenon Magalhães não há trégua, a paciência é fundamental, tanto quanto os cigarros, o som do rádio no programa de notícias locais, ou a inexistente sirene, o ineficiente ITEP, o colete à prova de balas e se aproximar da estação Joanna Bezerra, na comunidade do COC. Ao sair do carro, seus passos apressados faziam oposição à postura cabisbaixa e incrédula dos quatro policiais militares, das deze...